sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

me diz como você gosta.
me dá sua mão.
sua voz é bonita.
ninguém nunca me disse isso.

domingo, 21 de dezembro de 2008

Andei procurando você.
Parei de pensar em mim.
Tem tanta coisa fora do lugar
que tirei o dia para arrumar meu quarto.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Pisa o chão que piso
e mais longe fica.
Minha mão não te alcança,
você é grande pra mim.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Expulsar o que de fora está dentro de mim.
Guardar o que me toca e está longe.
Olhar o óbvio com outros olhos.
Fechar os olhos ao que me anoitece.
Curtir os dias como se fosse fim de tarde.
Deixar a madrugada arder como se fosse sol.
Deitar o corpo sobre o chão que não existe.
Afirmar o que precisa de chão.
"I am a moth
Who just wants to share your light
I'm justa a insect
trying to get out of the night

I only stick with you
because there are no others

You are all I need

It's all wrong
It's all right"

by radiohead

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Auto manifesto antropofágico

Miranda e Björk não me saem da cabeça. Aprendi a fazer botões de bolacha e a costurar perólas no corpo. Depois disso ando inquieta. As palavras não cabem mais na boca. Quero rabiscar os braços, desenhar retratos, alimentar meus porcos sedentos de arte.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

É pega-pega, esconde-esconde, chicotinho queimado.
Salada de fruta, queimada, paredão.
É faz de conta, telefone sem fio, forca.
Cabo de guerra, passa-anel, boca do forno.
Tô de altas.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

A mulher do Correios bateu campainha, precisava da minha assinatura na correspondência.
Ela me disse que não poderia demorar, pois ficou muito tempo conversando com a Dona Iracema.
E disse também: Coitada, perdeu o marido. Tava precisando conversar.
Dona Iracema perdeu o marido há mais de 10 anos.

Para Miranda July

domingo, 23 de novembro de 2008

A falta da tua palavra me cala.
A tua presença sem excesso me abala.
Teu olhar indiferente me cega.
Me nega, me toma, me leva.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Ata-me na sua boca ata-me.
Ata-me no seu vestido que voa ata-me.
Ata-me com sua faixa de cabelo,
pés para o alto, olhar doce, doce.
Ata-me de tão doce.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Chat

Mil dólares em bolinhas de champanhe. Flutuo.
Uma dezena de vestinhos sexy. Gozo.
Palavras desmedidas. Rio.
Milhões de links descartáveis. Vasculho.
Léguas e léguas adiante. Descubro.
Tarantino que o parta. Confundo.
Amanhece. Durmo. Anoitece. Acordo.
Vai-e-vem. Fico. A hora passa. Vivo.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Tentativa e erro

tempo escuro
bom para chover haikai
mente às claras

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Eu desconheço o que não me disse.
Eu desfaço o que não me quer.
Eu desconcerto o que não erro.
Eu desconexo o que não ligo. Eu desligo.

sábado, 6 de setembro de 2008

Voz

A mediunidade de meu pai me ensinou ter fé.
A minha mediunidade pôs minha fé em prova.
Sempre tive medo de ver mortos,
mas meu maior medo é ver nada.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Abri centenas de sacos
em busca de voz.
Corri país inteiro
em busca de céu.
Fechei três olhos
em busca de mim.
Encontrei reflexos
dos seus reflexos
dos reflexos seus
que não param de vir.
Um pedacinho de uma das coisas mais lindas que ouvi ultimamente.


Fênix
de: Flávio Venturini & Jorge Vercilo

Deus, condenado eu fui a forjar
O amor no aço do rancor
E a transpor as leis mesquinhas
Dos mortais vou entre a redenção
E o esplendor de por você viver

Sim, quis sair de mim esquecer quem sou
E respirar por ti e a transpor as leis
Mesquinhas dos mortais

Agoniza virgem Fênix o amor entre cinzas
Arco-íris e esplendor por viver às juras
De satisfazer o ego mortal.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Ando nas pontas do pé
e não tenho vocação para bailarina.
Meus Aquiles rachados
sentem falta de chuva no linóleo.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

As palavras que eram para você,
guardei embaixo do meu travesseiro.
A foto coloquei na gaveta
que é pra ninguém mexer.
Às vezes, a gente desmonta o relógio,
até que, tic tac, as peças voltam
ao seu devido lugar.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

agosto de deus
a gente espantalha
os maus agouros
em plantação
de comigo ninguém pode.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

potranca solta
coração nos pampas
gaúcha arisca

Haicai por Sandra Veroneze

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Em Porto Alegre,
amigo se guarda
na mão direita
que roda o chimarrão.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Quem está batendo?
Pode entrar, sinta-se em casa.
Vem de mansinho e curte os dias
que preparei para você.
Se quiser, pode ficar,
vou deixar as janelas abertas
para o sol alimentar sua alma.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Tomo café sem açúcar.
Ele faz a gente acordar
pra vida que nem sempre é doce.

domingo, 15 de junho de 2008

no fecho do funil,sorrisos mil,
gente do bem foi bem dizer
a linda família a nos receber

domingo, 1 de junho de 2008

Me olho no espelho
e reconheço minha íris.
A pele está boa,
o coração tranquilo.
Voltei para casa.

terça-feira, 6 de maio de 2008

A primeira tocou n´alma com mãos postas.
A segunda embala a preces.
A terceira não teve cerimônia
e pôs minha alma trôpega no colo.
É, sou de sorte.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Sou forte sim,
não para que me desafiem,
não para ter o que demonstrar.
Sou forte, porque nunca fugi de carregar pedras.
Porque nunca entreguei aos outros a dor que deveria ser minha.
Sei que a felicidade deste mundo, pode até demorar, mas não falha.

domingo, 4 de maio de 2008

Anoiteceu esquisito.
Ouvi sua voz novamente e não gostei.
A lua sumiu, as estrelas se apagaram.
Na garganta que voltou a ficar engasgada,
senti o gosto amargo da lembrança que guardei de você.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

a gente some de uns lugares
para aparecer em outros,
a gente some de algumas pessoas
para dar lugar a outras,
ilusão é pensar que somos
onipresentes e insubstituíveis.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Sou espírita,
da doutrina kardecista.
E faço terapia para
perder o pânico da morte.

segunda-feira, 10 de março de 2008

A diferença entre a alegria
e a tristeza é que uma sobe ladeira,
a outra desce.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

É mais que frio na barriga.
É vento que gira hélices,
Energia que viva vida.
Vai que o mundo não espera.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Pôs minha alma no colo e me fez feliz.
Te levei pela mão para ver onde nasci.
Me entreguei em palavras e amor
para você cantar noite adentro
nosso samba-canção
deliciosamente desafinado.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Surgiu como um clarão um raio me cortando a escuridão
e veio me puxando pela mão por onde não imaginei seguir,
me fez sentir tão bem como ninguém e fui me enganando
sem sentir e fui abrindo as portas sem sair,
sonhando às cegas sem dormir, não sei quem é você...
O amor em seu carvão foi me queimando em brasa no colchão
e me partiu em tantas pelo chão, me colocou diante de um leão...

Carvão - Ana Carolina

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Escorro pela chuva morro abaixo,
rio que nem moleque.
Saio antes que a cidade desperte,
vivo que nem mulher.

sábado, 5 de janeiro de 2008

A noite se acendeu em 31 fogos atirados ao céu
e adormeceu no primeiro sonho de boas vindas.
Pés postados em oração ao mar:
a deus o que não quer mais,
braços abertos ao bem querer.